Especialistas contaram ao G1 que registro de arco-íris lunar ou “moonbow”, em inglês, é peculiar, porque não é fácil observar e registrar o fenômeno. Rui registrou um arco-íris de noite, quando fotografava no Parque dos Lençóis Maranhenses Rui Rezende/Arquivo pessoal O fotógrafo baiano Rui Rezende, que sobreviveu a queda de um avião em 2014, fotografou um arco-íris de noite, quando estava no Parque dos Lençóis Maranhenses, localizado no litoral do Maranhão. Especialistas contaram ao G1 que o registro do arco-íris lunar ou “moonbow”, em inglês, é peculiar, porque não é fácil observar e registrar o fenômeno. Fotógrafo que sobreviveu a queda de avião na Bahia conta detalhes quase 7 anos depois do acidente Segundo Rui Rezende, ele foi surpreendido quando viu uma mancha no céu. O arco-íris não era visível a olho nu. A fotografia foi feita no dia 16 de junho, às 22h15. “Quando eu estava fotografando as estrelas, eu vi aquela nuvem se aproximando, mas não dava para ver, eu estava focado nas estrelas. Quando eu olhei, eu vi uma mancha no céu, então como eu não conhecia, nunca, nem sabia que existia arco-íris à noite, eu nem imaginei”, disse Rui Rezende. “Eu estava vendo uma nuvem em formato de uma montanha, uma bola no céu, uma coisa estranha. Eu apontei a câmera e fiz a foto, quando eu fiz a foto, eu disse: ‘Caramba, velho, um arco-íris’. Eu fiquei de cara”. Para os curiosos em questões técnicas da fotografia, o baiano usou uma câmera Canon 5DSR, ISO 1.600, AV. 2.8 e uma lente Canon 16-35 2.8 LIII (em 16mm). O tempo de exposição foi de 30 segundos. “Eu fiquei muito surpreso com o resultado, foi uma foto que levou 30 segundos de exposição, ou seja 30 segundos captando a luz e foi aí que revelou a foto para mim, e eu fiquei bastante impressionado com a imagem que resultou”, explicou. O fotógrafo afirmou que com 22 anos trabalhando com fotografia, nunca ouviu falar sobre esse fenômeno, o que deixou a experiência ainda mais fascinante. “Eu fiquei muito surpreso, porque eu tenho 22 anos de fotografia, nunca tinha visto e nunca tinha ouvido falar sobre isso. Eu não sabia disso, não sabia que existia, nunca tinha passado pela minha cabeça”, afirmou o baiano. “A gente, que fotografa natureza, entende sobre estrelas, constelações, sabe da Via-Láctea, da lua, tudo isso, mas do arco-íris à noite eu não sabia”. ‘Fenômeno raríssimo’ Presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA) classificou registrou como ‘fenômeno raríssimo’ Reprodução/Stellarium Após analisar a fotografia, o G1 foi em busca de explicações sobre o arco-íris lunar. “Fenômeno raríssimo” e “imagem fantástica” foram alguns dos termos usados pelo presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), Marcelo Zurita, após olhar a foto. “É um fenômeno raríssimo, porque tem que ter uma quantidade enorme de gotículas de água no ar para ele se formar e ser possível se formar”, disse Marcelo Zurita. “É raríssimo de ocorrer e mais raro ainda de se registrar um fenômeno como esse. É um cara de muita sorte mesmo”, revelou. Marcelo Zurita explicou ao G1 que o arco-íris lunar é formado pela luz da lua, que segundo ele é bem mais tênue e fraca que a luz solar, e por isso que dificultou Rui Rezende de ver a olho nu. “Eu como astrônomo fico encantado, porque é uma imagem fantástica, linda mesmo e registrando um fenômeno raro da nossa atmosfera, que a gente pode observar raramente na nossa atmosfera. Realmente é um registro único”. Explicações técnicas O astrônomo Diego Rhamon, bacharel em Meteorologia e mestrando em Meteorologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), afirmou que o que tornou o registro peculiar é que não é fácil observar e registrar um arco-íris lunar. Veja abaixo os motivos apresentados pelo especialista: Mesmo considerando a lua na fase Cheia, sua luminosidade é muito menor que a do sol. Portanto, um arco-íris lunar terá um brilho bem mais fraco que um arco-íris solar, o que dificulta sua observação. Da mesma forma que acontece com o arco-íris solar, a lua precisa estar baixa no horizonte (pelo menos com uma elevação menor do que 42°), o que também limita a observação. A lua precisa estar em uma fase com uma quantidade razoável de luminosidade. Com a lua muito “fina”, digamos assim, não vai dar para ver o arco-íris. Todos os dias a lua nasce e se põe em horários diferentes. E várias das vezes esses horários ocorrem durante o dia. Como esse tipo de arco-íris possui um brilho muito fraco, não é qualquer câmera que tira uma foto com a apresentada pelo baiano. Segundo Diego Rhamon, na fotografia de Rui Rezende, além de poder observar o arco-íris completo, é possível ver o arco-íris secundário. “Então, registros como esses são raros, e ainda mais no caso desse belo registro, em que, além de se ter o arco-íris completo, ainda é possível observar o arco-íris secundário! E ainda tem o cenário de fundo, com muitas estrelas e parte dos lençóis maranhenses”, disse o especialista. Ele também explicou o que aconteceu durante os 30 segundos que Rui Rezende manteve a câmera apontada para o fenômeno. “O que ocorreu nessa foto, é que núcleos de chuva, vindos mais ou menos da direção da foto, acabaram de passar pelo fotógrafo, estando a chuva na fase final, e quase toda já por trás do fotógrafo e, ao mesmo tempo, esses núcleos de chuva não obscureceram a luz da lua, permitindo a observação do arco-íris lunar”. Livro de fotos da região ‘MaToPiBa’ Rui contou que prepara um livro de fotos da região ‘MaToPiBa’, que engloba Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia Rui Rezende/Arquivo pessoal O que Rui Rezende fazia no Parque dos Lençóis Maranhenses quando flagrou o arco-íris lunar? Ao G1, ele contou que prepara um livro de fotos da região “MaToPiBa”, que engloba pontos da natureza do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. “Eu estava com uma autorização especial para fotografar os Lençóis Maranhenses de uma forma diferente, poder dormir lá dentro”, contou. Ao todo, foram quatro dias e três noites fotografando os Lençóis Maranhenses. No dia seguinte ao do registro da fotografia, o baiano enfrentou uma tempestade muito forte. “Eu peguei uma tempestade muito forte, com raios e trovoadas. Eu fiquei só esperando a hora do vento levar a barraca, não imaginava que a barraca ia suportar aquela tempestade, foi um negócio impressionante”, disse. Para o livro, Rui Rezende visitou lugares como o Parque Estadual do Jalapão, Chapada das Mesas, Lençóis Maranhenses, Parque Nacional Sertão Veredas, todo o oeste da Bahia, entre outros Rui Rezende/Arquivo pessoal Para a construção do livro, Rui Rezende visitou lugares como o Parque Estadual do Jalapão (Tocantins), Chapada das Mesas e Lençóis Maranhenses(Maranhão), Serra da Capivara e das Confusões (Piauí), Parque Nacional Sertão Veredas e todo o oeste da Bahia, além do Parque Nacional Nascente do Rio Parnaíba. “No Lençóis Maranhenses eu já fui três vezes, porque a natureza é dinâmica e as coisas acontecem durante o ano. Você vai no local agora e daqui a três meses já é outro lugar, então a flora brasileira muda muito”, contou. Confira mais notícias do estado no G1 Bahia. Assista aos vídeos do G1 e TV Bahia Ouça ‘Eu te explico’
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