O Ministério da Agricultura confirmou o diagnóstico da doença conhecida como “mal da vaca louca” no caso que estava sob investigação no Pará.
O resultado dos exames laboratoriais foi comunicado pelo ministro Carlos Fávaro, na tarde dessa quarta-feira (22), ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Desde o início, a pasta tem adotado providências para tranquilizar a população e evitar danos à exportação de carne brasileira.
As primeiras informações sobre o caso suspeito foram divulgadas na segunda-feira (20) pelo ministério. Fávaro pretende concentrar esforços no caso. Em função disso, não participará mais da comitiva que visitará o município de Hulha Negra (SC) para verificar os estragos causados pela estiagem na região.
Já se sabe que o animal doente não era criado em regime de confinamento, foi abatido e a fazenda está isolada. Diante da expectativa em torno do caso, as ações das principais empresas exportadoras de carne bovina já sofreram nesta quarta-feira (22). Fecharam em queda os papéis da JBS (4,33%) e da Minerva (7,92%).
As últimas ocorrências de doença da vaca louca foram registrados no Brasil em 2021, em frigoríficos de Belo Horizonte (MG) e de Nova Canaã do Norte (MT). Na ocasião, a China — maior importadora de carnes brasileiras — suspendeu as compras entre setembro e dezembro daquele ano.
O Brasil é considerado território de risco insignificante para a ocorrência do mal da vaca louca, segundo classificação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Nas últimas décadas, houve registros apenas de casos isolados da doença, que foram devidamente controlados e eliminados.
O que é a doença
A Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida popularmente como mal da vaca louca, ficou famosa mundialmente após um surto no Reino Unido durante os anos 1990. Houve suspensão do consumo de carne bovina no país. A doença degenera o sistema nervoso dos bovinos, a ponto de alterar o comportamento dos animais, deixando-os agressivos, razão do nome “vaca louca”.
O cérebro dos animais acaba amolecendo, como se fosse uma esponja. A contaminação do gado ocorre por meio do consumo de rações feitas com proteína animal contaminada, como farinha de carne e ossos de outras espécies.
No Brasil, é crime federal alimentar animais ruminantes com cama-de-frango ou com resíduos da exploração de outros animais porque podem conter restos. É proibido, ainda, o uso desse tipo de ingrediente na fabricação de ração para bovinos.
Mais cedo, o governo do Pará havia confirmado o caso de vaca louca no sudeste do estado. A confirmação foi feita pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará). A propriedade foi interditada preventivamente.
Segundo o governo paraense, o caso ocorreu uma propriedade que tem 160 cabeças de gado.
Em nota, a Adepará informa que o caso não tem indicações de ter sido gerado por consumo de ração contaminada. “Se trata da forma atípica da doença, que surge espontaneamente na natureza, não causando risco de disseminação ao rebanho e ao ser humano”, cita a nota.
Amostras que confirmam a doença foram enviadas para um laboratório no Canadá. Foi lá, segundo o governo paraense, que foi observado que o caso é do tipo “clássico ou atípico”.