O Maranhão tem oito cidades que possuem mais eleitores do que a população atual estimada, é o que aponta um levantamento do g1, divulgado nesta sexta-feira (21), com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2022, os municípios que ocupam essa posição no Estado são: Porto Rico do Maranhão, Junco do Maranhão, São Raimundo do Doca Bezerra, Afonso Cunha, Santo Antônio do Lopes, Graça Aranha, Tufilândia e Sambaíba. Sendo que as quatro primeiras cidades já estavam nessa condição nas eleições de 2020.
Entre as cidades, Porto Rico do Maranhão é a que tem a maior diferença entre o número de eleitores com o da população. De acordo com o TSE, a cidade possui 1.178 eleitores a mais do que o número de habitantes, que é de 5.936.
A menor diferença é em Sambaíba. Com uma população de 5.686 habitantes, o município possui 5.692 eleitores cadastrados. Com isso, a diferença é de apenas 6 eleitores.. Veja os detalhes em cada município:
O levantamento do g1 mostra que o número de cidades com mais eleitores do que a população estimada chegou a 569 neste ano. A quantidade é 15% maior que a de 2020, quando 493 cidades apareceram nessa situação, e representa 10% dos municípios brasileiros.
Segundo especialistas, esse fenômeno é normal e está aumentando devido à falta de atualização dos dados pelo IBGE — o último Censo foi em 2010. Desde então, muitas pessoas mudaram de cidade ou estado e registraram os novos domicílios ao tirar ou atualizar o título de eleitor no TSE. Mas há também outros fatores que explicam a disparidade.
Pesquisadores apontam que essa diferença é normal, até porque o dado populacional do IBGE é uma estimativa de 2021 que tem como base dados produzidos há 12 anos.
O último recenseamento ocorreu em 2010. A contagem populacional, que atualizaria esses dados em 2015, não ocorreu por falta de recursos, bem como o Censo 2020. O novo recenseamento está planejado para começar em agosto deste ano.
Os dados do TSE, portanto, estão mais atualizados, especialmente após a implantação da biometria, que já chegou a 75% dos eleitores.
“Os números do perfil do eleitorado são dados oficiais e exatos, extraídos a partir do cadastro eleitoral, em que é considerado o domicílio eleitoral do cidadão e cidadã”, afirma em nota o TSE. “Domicílio eleitoral esse, importante frisar, que é o local onde efetivamente o eleitor e eleitora vota, não necessariamente onde mora”.
Disputa territorial
Mudanças de endereço não são a única explicação. Outro fato citado pela pesquisadora é a disputa territorial entre municípios. “Em alguns casos há disputas de limites territoriais, então as pessoas moram em um domicílio, mas se colocam no domicílio eleitoral de outro município”, afirma.
Cientista político e professor da Universidade Federal do Pará, Carlos Augusto Souza explica que as duas cidades paraenses no topo do ranking, Canaã e Jacareacanga, estão em regiões de fronteira agrícola, onde houve um avanço de atividades ligadas à agropecuária.
“Os fatores que explicam a manutenção de taxas altas de eleitores não correspondentes com a população são migrantes que não fixam residência na cidade, ou atividade atrativa de mão de obra temporária. A pecuária é uma atividade desse tipo”, afirma.
Na mesma linha, o cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná, Emerson Cervi, cita como exemplo grandes obras que podem mudar a população de uma cidade pequena em poucos anos. “Se o município é pequeno e nesse período começou uma obra grande como uma hidrelétrica, você dobra a população dependendo do tamanho do município, e isso dobra em 2 ou 3 anos”, afirma.