Moradores da cidade de Presidente Dutra, no Maranhão, fizeram um protesto na tarde desta quarta-feira (23) para cobrar justiça no caso Hamilton Cesar Lima Bandeira, de 23 anos, que foi morto na última sexta-feira (18), dentro de casa, por policiais civis.
O jovem tinha deficiência mental e fez uma postagem desejando ‘boa sorte’ ao Lázaro Barbosa. Alegando ‘apologia ao crime’, três policiais foram até a residência de Hamilton e efetuaram ao menos dois disparos, na frente do avô do jovem, que tem 99 anos. Hamilton morreu no hospital.
Policiais alegam que o jovem fez ameaças com uma faca, que ainda não foi apresentada. A família contesta a versão e diz que o Hamilton sempre foi pacífico e não estava armado. O relato é confirmado pelo avô, que foi testemunha ocular do ocorrido.
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Hamilton Cesar foi morto por agentes da Polícia Civil após fazer uma postagem nas redes sociais desejando ‘boa sorte’ a Lázaro Barbosa, assassino procurado há 14 dias em Goiás. A família afirma que o jovem sofria de transtornos mentais e que a postagem foi fruto do problema de saúde.
Na primeira versão, divulgada pela Polícia Civil em nota, a delegacia de Presidente Dutra diz que recebeu uma denúncia que Hamilton havia feito postagens com apologia à violência. Em uma delas, ele exaltou o criminoso Lázaro Barbosa, que está sendo procurado por policiais em Goiás e no Distrito Federal.
Postagem de Hamilton desejando ‘sorte’ ao Lázaro levou policiais até sua residência, em Presidente Dutra — Foto: Reprodução/Redes Sociais . policiais teriam ido prender Hamilton devido as postagens que estimulavam a violência e disseram que, por isso, não precisariam de uma ordem judicial de prisão.
No entanto, dias depois, Jefferson Portela mudou a versão dita anteriormente pela Polícia Civil em relação as circunstâncias do crime. Segundo Portela, os policiais foram ao local apenas entregar uma intimação a Hamilton.
Após a repercussão do caso, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-MA) mudou a versão do crime. — Foto: Reprodução/TV Mirante
Na primeira versão dada, em nota pela polícia, a corporação afirmou que o caso necessitava de uma prisão em flagrante, pelo delito de apologia ao crime.
“Eles se deslocaram para levar uma intimação e o policial que chegou e pediu para entrar com a intimação na mão, estava ali para deixar a intimação. Quando segundo as informações iniciais, que deverão ser formalizadas dentro do inquérito mas foram perguntadas sobre isto, é que após a tentativa de entrega da intimação, o cidadão teria saído correndo de dentro do quarto com uma faca. E os policiais que estavam de fora, efetuaram os disparos na perna e outro no estômago”, afirmou Portela.
Família nega versão
Hamilton Cesar Lima Bandeira, de 23 anos, foi morto por policiais por estar fazendo ameaças e apologia ao crime — Foto: Arquivo pessoal
Exumação do corpo
O Ministério Público do Maranhão (MP-MA) vai pedir a exumação do corpo de Hamilton César. O corpo dele foi enterrado sem passar por necropsia no Instituto Médico Legal (IML), como é recomendado em casos de intervenção policial. Por isso, não há laudos sobre os disparos que atingiram o rapaz.
De acordo com o MP, dos três disparos foram feitos pelos policiais civis, dois deles atingiram o rapaz. Só o laudo pode dizer onde foram os tiros. Nesta terça-feira (22), somente quatro dias após a ação policial que vitimou o jovem, a polícia fez uma perícia na casa da família, em Presidente Dutra.
Família diz que Hamilton sofria de problemas mentais e a postagem teria sido ocasionada por isso. — Foto: Reprodução/TV Mirante