MANAUS – Em viagem a Dubai, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), relatou para autoridades do governo dos Emirados Árabes e empresários, uma imagem de um Brasil distante da realidade. Durante discurso no Fórum Invest in Brazil, nesta segunda-feira, 15, Bolsonaro afirmou que a Amazônia “não pega fogo”. Além disso, o chanceler, Carlos França, sustentou a fala do presidente.
“Nós queremos que os senhores conheçam o Brasil de fato, e uma viagem, um passeio pela Amazônia é algo fantástico, até para que os senhores vejam que a nossa Amazônia, por ser floresta úmida, não pega fogo”, afirmou Bolsonaro, esquecendo do aumento de queimadas somente no Amazonas em outubro, que já atingiu a marca de terceiro pior da história com 14 mil focos de calor, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe).
De acordo com o ambientalista Carlos Durigan, o que se vê em relação ao discurso de Bolsonaro é que o presidente busca construir uma narrativa que não é baseada em fatos reais. “Desde 2019 quando o Bolsonaro assumiu a presidência nós temos convivido com um desmonte na estrutura da gestão voltada as políticas ambientais no Brasil. Não podemos nos esquecer que no mesmo ano, inclusive Bolsonaro pretendia simplesmente acabar com o Ministério do Meio Ambiente”, relatou.
Durigan explica também que, ao longo desses anos em que Bolsonaro está a frente do governo federal, é possível identificar algumas barreiras que contribuíram para o aumento de queimadas e desmatamento na Amazônia, como o desmonte dos órgãos fiscalizadores, que levou um quadro de aumento expressivo na degradação ambiental no Brasil.
“Além da fragilização das estruturas que cuidam da gestão ambiental no País nós tivemos um discurso permanente do presidente e de outros membros do governo. A questão é que acaba incentivando, inclusive crimes ambientais em todo o Brasil, como desmatamento ilegal, garimpo ilegal e tudo isso que tá acontecendo agora mais recentemente é por conta de uma pressão de mercado, uma pressão econômica uma vez que o Brasil produz muitas commodities e principalmente nas últimas décadas se constituiu como um importante provedor de commodities agrícolas”, salienta.