O deputado federal maranhense Josimar de Maranhãozinho, líder do PL no estado – partido em que Jair Bolsonaro se filiou nesta semana – foi filmado com maços de dinheiro vivo que, segundo a Polícia Federal, são frutos de esquema de corrupção envolvendo emendas parlamentares. As imagens foram divulgadas em matéria da Crusoé.
De acordo com a investigação, o deputado do PL pagava um ‘pedágio’ para que parlamentares se juntassem a ele para conseguir emendas para a área da saúde e transferi-las para prefeituras de aliados. Então, esses municípios contratavam empresas ligadas a Maranhãozinho e a quantia retornava para ele. Em época de pandemia.
As imagens são de dentro do escritório político de Josimar, em um prédio de São Luís. A filmagem é de outubro do ano passado, mas, apesar das provas, até então o deputado não sofreu medidas mais energéticas que mandados de busca e apreensão.
Ainda de acordo com a Polícia, os saques nem sempre eram feitos pelo líder maranhense do PL. Algumas vezes, eram feitos por pessoas ligadas a ele em agências do Banco do Brasil. Depois, elas iam diretamente para o escritório de Maranhãozinho, com grandes quantias de dinheiro em bolsas e mochilas. Após a instalação de câmeras e escutas no escritório, autorizadas pelo STF, constatou-se que o próprio escritório servia como ‘bunker’ do dinheiro desviado.
Todo o caminho do dinheiro é documentado, foto por foto, comprovando as idas de pessoas ligadas a Josimar para seu escritório. A PF diz que somente duas empresas ligadas ao deputado, a Medhosp e a Atos Engenharia, fizeram saques que somam nada menos que 5,5 milhões de reais – mais de um terço do valor total das emendas.
Os Policiais Federais relatam fortes evidências de que parte do dinheiro desviado foi usada para bancar campanhas de aliados. Em uma reunião com os aliados, Maranhãozinho diz: “Agora eu tenho duzentos. Aí eu posso viabilizar para ver se consigo sacar (…) Não dá para usar nota aí, então. Tem que pagar por fora mesmo”.
O deputado foi flagrado distribuindo dinheiro em 13 envelopes para campanhas da prefeitura, e diz esperar o pagamento de volta para sua eleição ao Governo do Maranhão. “Aqui é um pagando o outro. Aqui eu quero pelo menos livrar o dinheiro. Já volta para a minha campanha em 2022”, disse.
Josimar é investigado por pelo menos quatro crimes no STF: peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa e fraude a licitação. A apuração em questão se trata de R$ 15 milhões que teriam sido desviados na saúde no ano passado. Estima-se que, nos últimos anos, ele tenha movimentado, somado com aliados, no mínimo R$ 100 milhões.
Resposta
“Procurado por Crusoé, o gabinete de Josimar Maranhãozinho criticou a investigação da Polícia Federal. Sobre o dinheiro, a assessoria disse que os valores em espécie guardados no escritório constavam da declaração de imposto de renda do deputado – uma tática manjada, como se sabe. Espera-se que, mais de um ano depois da obtenção de provas tão eloquentes quanto as imagens da dinheirama, a investigação tocada pela PF sob o crivo do Supremo finalmente saia do secretismo e alcance resultados práticos, para além das buscas. E que o próprio Congresso Nacional dê uma resposta. Nos dias atuais está bem difícil, mas é preciso impor limites ao escracho” – diz a matéria.